26 de setembro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 270

Efemérides 26 de Setembro
Minette Walters (1949)
Nasce em Bishop’s Stortford, Inglaterra. É considerada a rainha do thriller psicológico, publica o seu primeiro livro, The Ice House, em 1992. Tem 13 livros publicados e um novo romance, Innocent Victims agendado para Fevereiro de 2013.Em Portugal estão editados:
1 – A Casa Do Gelo (1992), Nº555 Colecção Vampiro, Livros do Brasil Título Original: The Ice House (1991). Premiado em 1992 com John Creasy Award para First Novel atribuído por Crime Writer’s Association.
2 – A Escultora (1995), Nº69 Colecção Vida e Aventura, Livros do Brasil Título Original: The Sculptress (1993). Premiado em 1994 com o Edgar Award-Best Novel atribuído por Mystery Writers of America e com o Macavity Award atribuído por Mystery Readers Internacional e em 1996 ganha o 1º lugar no Kono Mystery ga Sugoi!, que distingue os 10 melhores livros policiários estrangeiros publicados no Japão. O livro é reeditado pela Relógio D’ Água em 2009 na Colecção Crime Imperfeito.
3 – A Máscara De Desonra (1998), Nº2 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença Título Original: The Scold’s Bridle (1994). Premiado em 1994 com Gold Dagger Award atribuído por Crime Writer’s Association.
4 – A Câmara Escura (1999), Nº7 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença Título Original: The Dark Room (1995). Nomeado para Gold Dagger Award.
5 – Ecos Na Sombra (1999), Nº13 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença Título Original: The Echo (1997).
6 – O Violador (2000), Nº21 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença Título Original: The Breaker (1998).
7 – A Sombra Da Serpente (2003), Nº50 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença Título Original: The Shape Of Snakes (2000). Galardoado em 2000 com o prémio dinamarquês Pelle Rosenkrantz e em 2010 nomeado no Japão para o Honkaku Mystery Grand Prize.
8 – A Caso Da Criança Desaparecida (2003), Nº55 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença Título Original: Acid Row (2001). Nomeado para Gold Dagger Award.
9 – O Caçador De Raposas (2004), Nº86 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença Título Original: Fox Evil (2002). Premiado em 2003 com Gold Dagger Award.
10 – Sob Suspeita (2006), Nº90 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença Título Original: The Tinder Box (1999).
11 – Fantasmas Do Passado (2009), Nº104 Colecção Fio da Navalha, Editorial Presença Título Original: Desordered Minds (2003).
12 – A Pena Do Diabo (2009), Colecção Crime Imperfeito, Editora Relógio. Título Original: The Devil’Feather (2005).



TEMA — ESTUDOS DE ENIGMÍSTICA POLICIÁRIA — ENIGMAS TÉCNICO CIENTÍFICOS
M Constantino
Não deixaremos de abordar o problema dos venenos e drogas
A morte violenta provocada por substâncias tóxicas absorvidas pelo organismo é frequente, tanto no homicídio, como no suicídio, menos raro no acidente.
No crime, tal como no suicídio, o meio mais usado é a absorção do tóxico por ingestão oral, só em raros casos se usa a injecção.
A dose tóxica ministrada quase sempre excede o mínimo capaz de provocar a morte (dose mortal, que não é igual para todos os organismos) e esse é o primeiro indício de intencionalidade do acto que se quis. Pode, porém, o envenenador procurar disfarçar o seu acto com doença ou morte natural da vítima, ministrando pequenas doses até atingir o fim pré-estabelecido.
Impõe-se ao investigador, recolher para exame pericial, todos os restos de vómitos, defecções, bebidas, louças, talheres, etc.
Duma forma geral podemos dividir os tóxicos em minerais, ácidos e corrosivos, alcalóides e vegetais.
Nos primeiros contam-se o arsénio, o fósforo, o mercúrio, o cobre o chumbo, o bário, o antimónio, etc; nos segundos, os ácidos cianídrico, clorídrico, fénico, nítrico, oxálico, sulfúrico, o amoníaco, o cianeto de potássio, etc.
Sintomatologia de alguns venenos:
ARSÉNIO — utilização via bocal, algumas vezes injectável, raras por via rectal ou até vaginal (óvulos arsenicais). A via respiratória já tem sido detectada em casos de envenenamento profissionais (vapores produzidos em certas operações industriais).
Dificuldade na sintomatologia face às variedades referenciadas, contém-se, porém, no seu quadro, vómitos persistentes, diarreia, tenesmo, relaxante dos esfíncteres, algidez, cianose, colapso. Dose fatal, dependendo da sua pureza, de 0,15 a 0,20 gramas.
FÓSFORO — mortal na dose de 0,15 gramas e acima de 0,50.
Só o chamado fósforo branco tem essa propriedade, nem sempre possível de encontrar em condições de aplicação.
Utilização via bocal, salvo os casos de envenenamento profissional por via respiratória.
Delírio, convulsões, estupor e estado comatoso, terminando quase sempre, por colapso cardíaco.
CHUMBO — quase sempre nos seus diferentes compostos. É actuante a longo prazo. A utilização de alguns compostos, em doses diárias de 1 ou 2 miligramas pode provocar a morte em poucas semanas Muito dependente, tal como o arsénio, do grau de sensibilidade do indivíduo.
Dores gástricas com sensação de queimadura, náuseas e vómitos, intensa contracção da garganta.
Cianídrico (ácido), conhecido por ácido prússico é, na realidade, o nitrilo fórmico. O mais vulgarizado, por virtude de fins industriais é o cianeto de potássio.
Cheiro a amêndoas amargas; mistura-se na água ou álcool.
Desta mesma família de ácidos corrosivos, citam-se os ácidos sulfúrico, nítrico, clorídrico, hidróxido de sódio, etc.
Doses mortíferas entre 5 e 10 cc. (0,15 a 0,20 gr).
Fortes ardores na garganta, boca e estômago, vómitos sanguinolentos, dificuldade de deglutir, palidez e choque (Choque) nos casos em que a morte não é instantânea.

ENIGMA PRÁTICO — MORTE DE UM TIRANO
Segue-se um enigma exemplificativo para o qual pedimos a atenção. A solução será posteriormente publicada
M. Constantino

Era uma vez um rei.
Rei glutão.
Rei brutal, egoísta, jamais se dignara olhar o povo esfarrapado e faminto, sacrificado… a não ser no necessário à satisfação dos seus reais apetites!
Naquele dia…
Naquele dia, Primavera na natura, Inverno impotente nos corações, o rei fazia anos. Afadigavam-se mais uma vez os bons súbditos, vindos dos mais longínquos cantos dos vastos domínios, a ofertar-lhe os mais requintados acepipes. Carnes, vegetais superiormente cozinhados, frutas…
O rei olhava desdenhosamente, servia-se voraz do que lhe agradava, afastando com o pé, ou com o forte bastão, brutal e superfluamente, o submisso ofertante. Todos os alimentos eram, porém, antecipadamente sujeitos a rigorosa prova contraveneno, pelos cães, pelos escravos, e até pelos coelhos que lhe serviam de cobaias, porque o rei em ninguém confiava. Não raras vezes um ser humano acabava na ponta de uma corda ou sob o azorrague do carrasco.
Mais um escravo ajoelhou, submisso, mostrando apetitosa salada de alface.
Os olhos do monarca luziram de gula. Pontapeou o ofertante, deu a provar a um coelhinho branco que conservava ao colo, e só se banqueteou depois de eliminada qualquer suspeita de envenenamento.
Contudo… o coelhinho branco alegre e saltitante, viveu; o rei, chamados à pressa os magos da ciência daqueles tempos de antanho, só puderam verificar o seu estado alarmante, que se resumia em diminuição da acuidade visual, pela midríase, secura da boca (dificuldade de deglutição), rigidez dos membros, o delírio, a coma, e por fim… era uma vez um rei… fora uma vez um rei…
Vieram os medicamentos, os feiticeiros, os magos mais magos, mas o rei... continuava morto.
E, como sempre acontece… rei morto não dá pontapé… não reclama…
Reuniu o conselho dos “velhos”, troaram pelas praças, pelos vales e montes os rufares dos tambores e a voz dos arautos, procurando um rei, um novo rei. Uma condição: responder à pergunta que andava nos lábios de toda a gente e que, parecia ninguém poderia responder.
- COMO FORA ENVENENADO O TIRANO?
Da serra, onde vivia com o seu rebanho, desceu o jovem pastor. Prometera à sua amada um reino, um reino de sonho…
Traz, na sacola, o magro pão dos pobres, no olhar uma promessa de bondade, no coração uma vontade indómita.
Deus é grande!
Diante do conselho reunido, ouviu, raciocinou e RESPONDEU! …
Hoje, o povo desse reino sonha realmente, Vive feliz e adora o rei. O rei pastor e a sua pastorinha. Na bandeira que se avista de léguas em redor, pode ver-se um gentil coelhinho branco sobre um feixe de mandrágoras do monte, de grandes folhas verde-escuras. Bandeira que jamais se desfraldará para a guerra, símbolo de um reino, realmente, de sonho.
À lareira, nas longas noites de inverno, após a história ser contada e recontada, ainda se ouve a obrigatória pergunta:
‑ COMO FOI MORTO O REI, APESAR DA SUA PRECAUÇÃO?

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