15 de janeiro de 2012

CALEIDOSCÓPIO 15

EFEMÉRIDES – Dia 15 de Janeiro
Dennis Lynds
(1924-2005) — Nasce em St. Louis, Missouri-EUA. Escreve diferentes géneros, especialmente de índole policiária com vários pseudónimos. Com o pseudónimo Michael Collins inicia em 1967 uma série com o protagonista Dan Fortune, em Act Of Fear. Esta série tem 19 livros publicados, os dois últimos Crime, Punishment And Resurrection (1992) e Fortune's World (2000), reúnem todos os contos curtos deste personagem. Escreve ainda Lukan War (1969) The Planets of Death (1970) livros de ficção científica. Utiliza o pseudónimo de Willian Arden para os romances de espionagem industrial protagonizados por Kane Jackson: A Dark Power (1968), The Goliath Scheme (1970), Deal in Violence (1971), Deadly Legacy (1973) e Murder Underground (1974) e também o romance Mystery of the Blue Condor (1973). Com o pseudónimo de Mark Sadler escreve as aventuras do jovem, Paul Shaw, proprietário de uma agência de detectives: The Falling Man (1970), Here To Die (1971), Mirror Image (1972), Circle Of Fire (1973), Touch Of Death (1981) e Deadly Innocents (1986). Com outros escritores (Walter Gibson, Theodore Tinsley e Bruce Elliott adopta o pseudónimo Maxwell Grant na escrita das obras sobre o personagem Shadow — O Sombra. Conhece-se ainda os pseudónimos, John Crowe, Carl Dekker, Sheila McErlean. É um escritor galardoado com uma longa lista de prémios.
Michael Collins/Dennis Lynds não deve ser confundido com o escritor irlandês Michael Collins (1964), também autor de policiário com livros publicados em Portugal.



UM TEMA — O CONTO COMO EXPRESSÃO LITERÁRIA
De tal modo tem sido controverso o conceito de conto o que é, o que não é, que amovemos da definição. Qualquer tentativa será mais uma entre tantas. Grave Day classifica-o como uma obra em que a prosa se pode ler de uma assentada. Mário Albuquerque, mais lato ao resumir conto: é tudo aquilo a que o autor chama de conto. Temo ter de discordar desta última definição: faz-me lembrar o quadro branco com um ponto negro… um chapéu mexicano na neve…
Na verdade, o conto como expressão literária faz parte daquela trilogia, romance, novela, conto, consoante a sua dimensão ou extensão literária. Se para os dois primeiros não existem dúvidas, a classificação de conto pela sua dimensão peculiar tem de encerrar a sua unidade de efeito, isto é, tem de produzir um efeito narrativo, ênfase, com economia de palavras. Cada palavra deve contribuir para o feito final, enquanto o romance e a novela — mais curta que o romance — têm espaço para desenvolver incidentes, analisar e multiplicar acções. O conto é por natureza breve, rápido, preciso, em duas palavras: sintético e monocrónico.
Duas razões fundamentais parecem estar no espírito dos autores para evitar o conto: o romance e a novela podem eventualmente ser lucrativos, as palavras valem dinheiro — Rex Stout dizia: se tenho uma boa ideia não a desperdiço num conto; a segunda razão prende-se com a dificuldade em expressar uma ideia ou intriga em breves palavras. Há bons autores, muito bons até, incapazes de sintetizar as ideias.
H.G.Wells, ele próprio um contista hábil e famoso. escreveu: um conto pode ser muito brilhante e comovente, horrível, patético ou divertido, belo, profundamente sugestivo, mas não deve abranger mais do que meia hora de leitura.
No aspecto temático, o conto policiário é de apurado encanto, pela vivacidade de palavras e imagens ou pelo assunto que entra no sentimento colectivo. Porém, o seu encanto iguala a dificuldade de concepção, maior ainda do que aquela já referida para o conto em geral. A construção da intriga, a unicidade do tema e o reduzido número de personagens a oferecer em cem palavras a representação de mil, não é tarefa fácil. E, por tal facto, muito se tem discutido a preferência do conto policiário ou do romance. Do ponto de vista do valor da obra os críticos são unânimes em considerar que a mais genuína expressão do género (policiário) só se encontra no conto. No entanto, o predomínio do romance nos escritores profissionais está à vista, Para o leitor reconhece-se geralmente como verdadeira a aceitação do conto pela necessidade vital do tempo disponível para ler.
Mais curto ainda do que o conto tradicional, há uma segunda modalidade que se espalhou rapidamente a short story — raiz americana ao que se crê e facilmente confundida com o próprio conto — o ideal adequado à pressa dos nossos dias e ao tema policiário. Na short story atribui-se importância particular a um efeito principal desenquandrante, o suspense como força motora até final… em regra a emoção latente mantém-se angustiante até à última e decisiva frase.
M. Constantino


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